sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Façam suas apostas!

No jogo do pré-Sal, das maiores às menores cartas que as cidades da região puserem à mesa, tudo será fundamental para o desenvolvimento local

No jogo do pré-Sal, as cidades da Baixada Santista têm suas cartas para por à mesa. Enquanto algumas apostam em cursos técnicos, outras têm cartas maiores na manga, com projetos grandes de aeroportos e até da criação de um Parque Tecnológico. E todo investimento em educação, infraestrutura e qualificação profissional só vêm para contribuir com o novo panorama político-econômico-social-ambiental em que a região se encontra.

Na concepção do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ronaldo Mota, é no campo da energia que a Baixada Santista encontra um ambiente propício para explorar possibilidades e limites, podendo crescer e se tornar um centro estratégico.
Por outro lado, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Paulo Alexandre Barbosa considera que, nenhuma região vai se desenvolver mais que a Baixada Santista. Mas é preciso traçar um plano estratégico de investimento na qualificação e na educação, para ele, os maiores desafios.
E Santos tem a maior carta na manga. O às de copas do município é o investimento no Parque Tecnológico. O secretário de Desenvolvimento e Assuntos Estratégicos da Prefeitura, Márcio Lara, conta que, após os estudos, que se espera que aconteça até o final deste ano, o projeto será enviado ao governo do Estado. A partir daí, o Parque poderá ser credenciado junto ao Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (o credenciamento de Santos é provisório desde 2009).
De acordo com Barbosa, o Estado de São Paulo investirá mais de R$ 20 milhões para obras em Parques Tecnológicos. E Santos também pode receber incentivos pela Lei Paulista de Inovação Tecnológica.
O projeto visa otimizar o espaço urbano do Centro Histórico para receber empresas inovadoras. Além disso, essas organizações formarão parcerias com as universidades da região de forma a desenvolver pesquisas e criar bens com valores agregados.
A ênfase do Parque Tecnológico de Santos será nas vocações regionais, como porto, retroporto, energia e desenvolvimento urbano (ai entra turismo, por exemplo). Numa segunda etapa, a área continental receberia empresas maiores, aos moldes dos Parques tradicionais.

"Nenhuma região vai se desenvolver
mais que a Baixada Santista."
 Paulo Alexandre Barbosa

A Fundação Parque Tecnológico de Santos é a entidade gestora, que tem como função abraçar os blocos governamentais, universidades, empresas e o conselho técnico. E abrigará, principalmente, uma incubadora visando o desenvolvimento de novas empresas.
Essa Fundação passa por uma atualização em seu regimento interno, em que se é discutido, por exemplo, a incorporação de um conselho público. Enquanto o Parque não sai, a Fundação faz um diagnóstico dos pesquisadores e áreas de pesquisa na região e desenvolve um plano de marketing e atração de empresas.
A Universidade de São Paulo de olho nesse novo mercado na Baixada Santista passa a oferecer, a partir de 2012, o curso de Engenharia de Petróleo em Santos. Também o governo estadual deve construir a nova sede da Faculdade de Tecnologia (Fatec) e uma nova Escola Técnica Estadual na Zona Noroeste.
Parque Tecnológico – é um complexo de desenvolvimento econômico e tecnológico, para empresas inovadoras, explica um dos responsáveis pela criação de um dos maiores Parques do País (TecnoPUC) do País, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Jorge Luis Nicolas Audy.
Conhecedor dos maiores Parques Tecnológicos do mundo, Audy explica que, no Brasil, o desenvolvimento da Ciência ainda é descolado do desenvolvimento tecnológico. E o Parque Tecnológico ajuda na transferência da tecnologia de forma apoiar a Pesquisa e o Desenvolvimento. “Agora está na moda, todo mundo quer”.
O primeiro Parque e um dos mais famosos a ser construído é o do Vale do Silício, na Califórnia, onde empresas como a Microsoft se desenvolveram. Na segunda geração, as universidades ajudaram a alastrar o processo de construção de novos projetos do tipo, mas a delimitação do espaço ainda era evidente. “Há universidades na China, por exemplo, que mais de 95% da área total é destinada aos Parques Tecnológicos”, revela Audy.

 "Agora está na moda, todo mundo quer."

Então surge a terceira geração, em que o espaço da cidade é aproveitado para a construção de Parques, como acontece em Barcelona, na Espanha, na Coreia do Sul, na Malásia e como é o projeto do Parque Tecnológico de Santos.

Guarujá, Itanhaém e Praia Grande:
o time dos aeroportos

Ainda no jogo do pré-Sal, Guarujá, Itanhaém e Praia Grande aparecem com velhas, mas possíveis e importantes, cartas no baralho: a construção de aeroportos. No caso de Guarujá, a
Petrobras, principal interessada nas apostas, investe para que sejam feitos estudos ambientais na região onde deve ficar o aeroporto do município. O prazo para que essa carta seja efetivamente posta à mesa é o final deste ano.
Segundo o assessor estratégico da Prefeitura de Guarujá para o assunto, Dario de Medeiros Lima, o aeroporto civil da cidade deve atender tanto a demanda da Petrobras quanto da aviação regional (poderá receber, ao mesmo tempo, até quatro aeronaves de pequeno e médio porte (com capacidade de até 80 passageiros cada). O empreendimento ficará num espaço de 2,7 milhões de metros quadrados cedidos pela a Base Aérea para o sítio aeroportuário (o equivalente a aproximadamente 327 campos de futebol grandes, como o Maracanã).
Sobre a preocupação com as vias de acesso, já que, devido ao grande contingente de veículos que trafegam nas ruas e avenidas por conta do retroporto, poderia ocorrer uma saturação no trânsito local, o assessor estratégico afirma que será investido em melhorias nessas vias. Apesar de muita especulação, de acordo com Lima, ainda não há uma quantificação do investimento da Prefeitura de Guarujá no aeroporto, porque o projeto ainda é conceitual.
Paulo Alexandre Barbosa

Itanhaém - por sua vez, investe numa carta recorrente nesse jogo: melhorias para o seu aeroporto, que já é utilizado pela Petrobras para transportar funcionários até as plataformas de Merluza e Mexilhão.
A área do antigo aterro da cidade, que ficava próximo à área aeroviária, será recuperada. O lugar atrai aves, como urubus, que prejudicam a segurança dos voos. Também serão construídos três novos hangares, um deles pela empresa Petrobras Distribuidora, e investido no recapeamento da pista de voo e dos pátios.
O aeroporto da cidade conta com uma pista de pouso e decolagem com 1.350 metros por 30 metros de largura (superior a do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, por exemplo). E é capaz de suportar aviões do modelo Boeing 737 com capacidade para 100 pessoas.
O prefeito João Carlos Forssell afirma que o “aeroporto está evoluindo gradativamente” e tem algumas empresas já interessadas em operar voos comerciais.
Praia Grande – deve ter um aeroporto com vocação logística. Apesar de estar na manga desde 2007, a carta ainda não foi descartada. E, posta à mesa, o aeroporto deve ocupar uma área de 5 milhões de metros quadrados – quase o dobro do aeroporto de Guarujá, abrigando um condomínio industrial, com empresas dos segmentos de tecnologia, construção civil, metalurgia, entre outros. Entretanto, o projeto ainda se encontra em estudos ambientais.

"Está evoluindo gradativamente."
Forssell, Prefeito de Itanhaém, sobre o Aeroporto da Cidade

A cidade também é uma Zona de Processamento Secundário (ZPS), nos ditames do Cespeg (Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural do Estado de São Paulo). Isso significa que pelo município passam instalações de gasodutos. Outra possível carta na manga para investimentos.

Cubatão, Mongaguá, Peruíbe,
São Vicente e Bertioga:
cartas de infraestrutura e de
qualificação profissional

Abre-se o jogo de Cubatão, Mongaguá, Peruíbe, São Vicente e Bertioga e se encontra: o investimento em infraestrutura, cada uma dentro de suas possibilidades. E a preocupação com os cursos de qualificação profissional.
Cubatão pretende investir, em 2011, R$ 87 milhões em programas de recuperação da estrutura viária, por exemplo, importantes na ligação entre a Baixada Santista e a capital do Estado.
O município também deve instalar, até o final do ano, em parceria com a empresa de siderurgia Usiminas, um centro de qualificação na área de petróleo e gás. O projeto contará com recursos do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Enquanto que, em Mongaguá, o prefeito Paulo Wiazowski Filho criou, em 2010, um projeto para ampliar as áreas industriais da cidade para os balneários de Samas e Cavalo Marinho. A cidade também investe na construção de moradias e unidades de saúde.
Além disso, o município firmou parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e oferece cursos do Programa Regional de Operações Articuladas (PROA). E cursos de informática e manutenção de computadores, gratuitamente.
Peruíbe também aposta em parceiros com cartas na mão, como o Senai, de forma a qualificar a população para as demandas do pré-Sal. O município ainda deve ganhar uma sede para sua Etec, que ocupa, provisoriamente, o Centro de Convenções da cidade.

"Em decorrência do pré-Sal, 18 novas
empresas se instalaram no em São Vicente."

E a atração de novas indústrias é uma das preocupações de Peruíbe, que criou a “Sala do Empreendedor, para orientar e simplificar os procedimentos de registro e funcionamento de empresas no município. E trabalha para ter um Departamento de Indústria, Comércio e Serviços, nos mesmos moldes da “Sala do Empreendedor”, voltado para empresas já existentes.
E aprovou na Câmara dos Vereadores um projeto que possibilita que a administração promova ações de incentivo para a instalação de indústrias não poluentes. Segundo a prefeita Milena Bargieri existem cerca de dez empresas manifestando interesse em montarem suas bases na cidade.
São Vicente e Bertioga – tem uma sede da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), que conta com cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de biologia marinha, gerenciamento costeiro e meio ambiente, onde deve ser investido na criação de cursos relacionados ao pré-Sal, segundo o secretário de Comércio, Industria e Negócios Portuários, Fernando Bispo.
Baixada Santista
Falando em cursos, outra carta de mesmo naipe que São Vicente investe é em cursos populares de inglês, para aproximadamente 50 alunos, onde se aprende o vocabulário logístico, devido à demanda do setor.
O secretário explica que, em decorrência do pré-Sal, 18 novas empresas se instalaram no em São Vicente, inclusive uma empresa de alta tecnologia. Também kits informativos estão sendo distribuídos para que novas empresas se estabeleçam na cidade.
Enquanto que Bertioga se preocupa com a urbanização e o meio ambiente, pois, segundo o prefeito, Mauro Orlandini, o pré-Sal deve ocasionar grandes ciclos migratórios e as áreas preservadas do município e do litoral devem aparecer nas discussões do desenvolvimento. A cidade conquistou o cartão VerdeAzul, por dois anos consecutivos, o que significa que está preocupada com matas ciliares, uso da água, saneamento básico etc.
Bertioga deve abrir licitação, em breve, diz Orlandini, para a duplicação da Anchieta que passa pela cidade. Enquanto isso, investe, custeando o transporte dos universitários bertioguenses que estudam em Mogi das Cruzes, Guarujá e Santos.


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